Diversidade cultural em sala de aula

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Questões ligadas à diversidade cultural em sala de aula marcam cada vez o contexto escolar. Aos poucos, é possível perceber que alunos e professores otimizam os conteúdos trabalhados buscando exemplos, informações, dados que permitem compreender todo o universo ligado as diversas formas de viver em comunidade, manifestar sua religiosidade, sua cultura, sua ideologia.

No Brasil, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, foi uma data marcada para lembrar a importância das lutas travadas por diferentes povos para que hoje, pudéssemos ter nas leis e nos currículos escolares conteúdos que trouxessem presente as contribuições de, principalmente, negros e indígenas na formação deste país.

Mas, para que haja uma boa conversa, uma boa discussão, um bom entendimento sobre tudo o que significa esta data, também lembrada pela luta de Zumbi dos Palmares, é preciso sensibilidade e compreensão. Conhecer as diferentes manifestações culturais, religiosas, artísticas e intelectuais que envolvem este tema, é uma experiência que pode ir além da sala de aula e dos livros que trazem informações genéricas.

Na região do Vale do Itajaí, por exemplo, há interessantes estudos que abordam, principalmente, a participação das comunidades afro descendentes na construção política e social da região. Relatam a história da organização do movimento negro, que, ainda mantem acesa tradições e discussões sobre etnia e sociedade, trazem a tona o nome de personagens importantes na história das cidades. São nomes que não estão nas placas de praças e avenidas das cidades, mas que tiveram sua participação como trabalhadores honestos e solidários.

Histórias de lutas e conquistas impressas nas 295 páginas de “Negros em Itajahy – Da invisibilidade à visibilidade: Mais de 150 anos de história”, editado pela Casaberta Editora. A obra, de autoria dos professores itajaienses José Bento Rosa da Silva (UFPE) e ex-dirigente do Sinpro e Moacir da Costa, educador na rede municipal de ensino. Lançado em junho de 2010, o livro é resultado da experiência de mais de 20 anos de José Bento como pesquisador sobre a história da comunidade negra de Itajaí e região, associada à pesquisa elaborada por Moacir sobre a Festa do Rosário, também em Itajaí e região, e sobre a educação etnorracial em Itajaí.

 

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Moacir da Costa revela que 13% da população itajaiense é composta por negros, declarados no último censo do IBGE. E segundo ele, a temática se torna ainda mais importante porque “esta obra é a primeira da história de Itajaí que fala exclusivamente da comunidade negra, e que surge para preencher uma lacuna existente nesta área para os professores de história”.

Em Itajaí , uma importante tradição acontece todos os anos na comunidade de Cordeiros. Trata-se da festa de Nossa Senhora do Rosário*, um momento ímpar de manifestação e união entre as etnias que consolidam a luta pela unificação dos povos. A Festa de Nossa Senhora do Rosário, neste ano, acontece na Igreja do bairro Cordeiros a partir das ___ deste próximo domingo, 20 de novembro. Uma experiência que merece ser vivida por todo educador, com fé ou não, com ou sem religião, desde que acredite num mundo onde o convício social, o respeito às diferenças e a solidariedade falem mais alto do que qualquer preconceito.

 

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Imagem 02_texto 02: Legenda: Rugendas, 1835-acervo museu Afrobrasil.

*A festa existe desde o século 19, quando a igreja Católica, no ímpeto de cooptar mais almas, criou santos que passaram a representar a cultura cristã de afro-descentendes. Foi neste contexto que os senhores de escravos e a Igreja Católica permitiram a organização de festas de matriz africana no dia dos novos Santos. Entre eles, Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e São Gonçalo. (José Isaías Venera em “A outra história de Itajaí”, publicado no blog “Sou Papa Siri…” em 20/09/2006)

http://soupapasiri.blogspot.com/2010/04/outra-historia-de-itajai.html

 

 

 

 

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