Atualizado 10/05/2017
Eduardo Guerini comenta sobre as reformas do governo Temer e a situação de terrorismo que alarma a população brasileira.
“A hipocrisia é a arte de amordaçar a dignidade; ela faz emudecer os escrúpulos nos homens incapazes de resistir à tentação do mal. É o guano que fecunda temperamentos vulgares, permitindo-lhes prosperar na mentira (…)” (A moral do Tartufo. In: O homem medíocre. José Ingenieros, 2012)
Na semana seguinte a “Delação do Fim do Mundo”, o governo Michel Temer e sua base parlamentar continuam tentando impor um pacote de reformas que destroem o sistema de seguridade social no Brasil. A casta política corrompido, degenerada e cheia de privilégios produz uma abissal rejeição diante de seu comportamento nada republicano. Os pacotes apresentados pelo Ministério da Fazenda e Planejamento atendem os interesses de um mercado financeiro ávido pela abertura de um novo flanco para o setor de previdência privada.
Enquanto o ritmo de delações se espraia produzindo uma indignação generalizada diante da desfaçatez da classe política envolvida até o pescoço, a mãe de todas as reformas – a Reforma Política é tratada de maneira sorrateira e silenciosa. Em cada nova revelação, é inegável a necessidade de construir uma agenda em prol do crescimento, da distribuição de renda e retomada do controle parlamentar pelos brasileiros, rompendo a relação viciada e visceral estabelecida pela dependência das grandes corporações nacionais e do sistema financeiro.
Os partidos políticos insulados nos projetos de poder, se submeteram ao jogo da venda de apoios em prol de interesses particularistas, rompendo o preceito constitucional de representação para o “interesse nacional” ou “interesse público”. O governo Temer está à deriva, atingindo no processo de delações que envolvem os principais ministros que articulam as reformas que subtraem direitos dos trabalhadores. A ausência de um “projeto de Nação” inclusivo, que amplia a cidadania, é referenda pelas sucessivas cifras alarmistas que aterrorizam os trabalhadores, as trabalhadoras – o cidadão honesto que honra seus compromissos com dignidade.
O ataque ao movimento sindical, não poupando sequer as fontes de custeio estabelecidas pela “contribuição sindical”, traduz o “terrorismo político” de um governo corrompido. Numa clara tentativa de circunscrever o movimento sindical por meio da chantagem, o relator da Reforma Trabalhista simplesmente não atende as demandas dos representantes legítimos dos trabalhadores. É o desmantelamento o modelo de solidariedade social moderno, o contrato de trabalho que garante emprego. A flexibilização, a precarização via terceirização não se traduzirá em novos postos de trabalhos, será o “dowsizing” numa economia em que 2/3 dos trabalhadores sequer conhecem o que é formalidade ou direitos sociais inscritos na Constituição de 1988.
No caso da Reforma da Previdência, o alarmismo produzido no gabinete do Ministro da Fazenda é resultado e uma expectativa vendida ao mercado, que não se realiza a contento no esteio das delações cotidianas, traduzindo uma superação de interesses contrariados. A economia que se pretende para a próxima década, algo em torno de R$ 800 bilhões, poderia ser alcançada em decisão audaciosa do COPOM, reduzindo a “Taxa SELIC” em apenas alguns pontos percentuais. O Brasil continua ter a mais alta taxa de juros reais no mundo.
A equipe econômica de Michel Temer vocifera contra os opositores, bradando que os juros subirão e que o Brasil não crescerá se não fizer as Reformas, principalmente, a Previdenciária e Trabalhista. Nada de pensar sobre a Reforma Tributária, e, chamar a responsabilidade o sistema financeiro que drena recursos do orçamento para pagamento da dívida pública, algo em torno de R$ 500 bilhões a cada ano fiscal. Neste enredo fatídico, alarmista e aterrorizante, nada melhor que a frieza dos relatórios de perspectivas para economia brasileira, produzidos pelo FMI – Fundo Monetário Nacional, prevendo um crescimento pífio em 2017 – apenas 0,2% do PIB, e, 1,7% em 2018. (sic!!)
Assim, temos um governo de corruptos, alarmistas e mentirosos, que aterrorizam uma geração de trabalhadores honestos que vivem sob a insígnia do desemprego, ou, relações trabalhistas precárias com salários indignos. Um triste legado para uma Nação que sonha ser potência!!”
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