Clube Roda Solta – A.D.P..D.F. Itajaí – SC

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Atualizado 13/11/2013

Sou o professor Daniel dos Passos do Colégio São José de Itajaí, SC. Trabalho como técnico de Handebol em Cadeira de Rodas, um paradesporto que teve início no Brasil em 2005. Treinamos no Ginásio Gabriel Collares de Itajaí, desde crianças até atletas paraolímpicos de outras modalidades iniciando-os no handebol.

Homens, mulheres, paraplégicos, amputados, bi-amputados, pessoas com limitações físicas que pretendem praticar uma atividade física coletiva e prazerosa.

Neste ano de 2013 participamos de dois torneios especiais para este paradesporto. Em setembro o Brasil organizou o primeiro campeonato mundial da modalidade em busca de torna-la Paraolímpica. Para este campeonato fui convocado para ser o técnico da Seleção Brasileira Masculina. Desta seleção fizeram parte atletas de SC, PR, SP e RJ. Vencemos o torneio, fundamos uma Federação Internacional da modalidade e marcamos para 2015 na Austrália o próximo Mundial. O segundo torneio que se destacou neste ano foi o PARAJASC, os Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina que já acontecia a anos mas pela primeira vez teve o HCR (Handebol em Cadeira de Rodas) como uma das modalidades disputadas.

 

Neste torneio conhecemos pessoas com todo o tipo de “limitação”, pessoas sem um ou ambos os braços, pernas, pessoas que as têm, porém não conseguem movê-los intencionalmente, pessoas sem ou com pouquíssima visão, audição e pessoas com deficiências intelectuais. À principio os considerados “normais” os tratam como coitados, querendo os ajudar em todas as situações possíveis, aí vem a realidade, eles não querem ajuda, eles não precisam de ajuda, são capazes de fazer tudo sozinhos pois aprenderam a se condicionar a nova realidade. Por outro lado não se fazem de coitados quando realmente precisam de ajuda, pedem para qualquer pessoa que acham capazes de lhes ajudar, sem vergonha.

 

Os deficientes visuais são exemplos de trabalho em equipe. Andam sempre juntos, um segurando no ombro do outro e guiados por uma pessoa com visão a frente da “fila”. Além disto, reconhecem pessoas, coisas, ambientes apenas pelo cheiro, calor e pela interpretação de sons emitidos pelas pessoas ao seu redor.

 

Os deficientes auditivos, por incrível que pareça, são os mais faladores de todos. Passam o tempo todo se comunicando com gestos, demonstrando alegria ou tristeza.

 

Os deficientes intelectuais vivem numa linha tênue sentimental, vão do mais alegre possível ao mais triste ou bravo de acordo com o que vivem, mas de uma forma geral são aquilo que todos nós somos sem ter vergonha de demonstrar: “carentes”. E por isso quando ganham uma medalha, um jogo, vão ao êxtase de tanto carinho que recebem.

 

Agora o que mais me chamou a atenção e que me faz rever meus conceitos e minhas ações toda vez que enfrento uma situação contrária são os atletas com “paralisia cerebral”.

Coloco entre aspas, pois alguns destes atletas ao nascer foram diagnosticadas como incapazes de reagir a estímulos, expressar sentimentos, mover-se intencionalmente, resumindo, não conseguiam responder a nenhuma situação que a vida lhe proporcionaria.

Porém com o esporte, com a prática desportiva, com a convivência com um professor, com um educador físico, conseguiram desenvolver conceitos, dar respostas, iniciar movimentos voluntários, e se inserirem na sociedade.

 

Professor Daniel dos Passos.

 

 

 

 

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