Ministérios da Saúde e da Educação, governos estaduais e entidades da sociedade civil se mobilizam para impedir a proliferação do coronavírus. A Contee destaca a importância das entidades filiadas e da categoria atuarem na prevenção e proteção da saúde dos trabalhadores e estudantes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, dia13, que a Europa agora é o epicentro do novo coronavírus (Covid-19), e não a Ásia. Isso porque a China foi muito eficaz e organizada em suas medidas de contenção e vários países asiáticos reagiram rapidamente para providenciar muitos testes e identificar logo os casos, antes que a doença se espalhasse ainda mais. Dos cerca de 150 mil casos no mundo, mais de 35 mil estão na Europa. Já são mais de 100 milhões de europeus confinados, na sua maioria italianos e espanhóis.
No Brasil, o Ministério da Saúde atualizou na noite de domingo, 15, o número de casos confirmados do novo coronavírus no país. São 200 casos, sendo que 1.917 pessoas em 26 estados e no Distrito Federal são monitoradas por suspeitas de estarem infectadas. O ministro Luiz Henrique Mandetta projetou 20 semanas de enfrentamento da crise. Nenhuma morte foi registrada no país desde o início da transmissão da doença, mas a previsão ministerial é de mortalidade de 0,8% dos brasileiros que contraírem a doença. A estimativa tem por base a taxa de letalidade de 3,5% na China. O estado do Rio de Janeiro registrou o primeiro caso de um doente que apresenta estado de saúde muito grave devido à contaminação. O homem, com mais de 60 anos, está internado. O Ministério alerta que, além da ameaça do coronavírus, o Brasil está enfrentando epidemias de sarampo, dengue e tuberculose. Em 34 dias, foram registrados 91,1 mil casos prováveis de dengue no país.
Aulas afetadas
No Distrito Federal e em Goiás as aulas foram suspensas por 15 dias. Várias instituições de ensino também estão suspendendo as aulas em várias regiões do país. O Conselho Nacional de Educação (CNE) orientou que as instituições poderão repor as aulas no próximo ano para cumprir os 200 dias letivos anuais exigidos pela legislação. Continua valendo o entendimento de 2009, quando situação semelhante ocorreu pelo surto de H1N1. Naquele ano, com o retorno das atividades depois de passado o pico da doença, foi questionada judicialmente a necessidade de cumprir os 200 dias letivos. Foi decidido que o cumprimento era necessário, mas que as aulas poderiam ocorrer no ano seguinte, prorrogando o ano letivo.
O CNE menciona que portaria do Ministério da Educação (MEC) de 2019 permite que até 40% da carga horária de cursos presenciais das instituições de ensino superior podem ser ministradas pela modalidade a distância, indicando como possível alternativa para o momento. Muitas escolas particulares de educação básica também têm adotado aulas a distância, embora a legislação não preveja carga horária dada de forma virtual.
O Ministério Público do Trabalho também recomendou “aos empregadores, sindicatos patronais, sindicatos profissionais que representem setores econômicos que são considerados de risco muito alto, alto ou mediano (OSHA), que negociem acordos e/ou instrumentos coletivos de trabalho prevendo flexibilização de horários, especialmente para os trabalhadores que integrem grupos vulneráveis, o abono de faltas sem a apresentação de atestado médico àqueles que apresentarem sintomas sugestivos da Covid-19, entre outras medidas necessárias para conter a transmissão da doença”.
A OSHA, sigla em inglês da Administração de Segurança e Saúde Ocupacional, agência do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, classificou como i) Risco muito alto de exposição: aqueles com alto potencial de contato com casos confirmados ou suspeitos de Covid-19; ii) Risco alto de exposição: profissionais que entram em contato com casos confirmados ou suspeitos de Covide-19; (iii) Risco mediano de exposição: profissionais que demandam o contato próximo (menos de 2 metros) com pessoas que podem estar infectadas com o novo coronavírus, “inclusive as que tem contato com o público em geral (escolas, ambientes de grande concentração de pessoas, grandes lojas de comércio varejista)”; (iv) risco baixo de exposição: aqueles que não requerem contato com casos suspeitos.
No dia 12, o MEC criou um comitê de emergência para gerenciar questões sensíveis, de repercussão nacional, como o coronavírus. O Comitê Operativo de Emergência fará “a análise de ocorrência de um evento ou série de eventos que resultem em mudanças significativas de atividades no âmbito do Ministério da Educação e que demande medidas para a volta à normalidade”. Dentre as medidas está a possibilidade de suspensão de aulas em escolas, universidades e institutos federais.
A OMS recomenda que sejam evitadas aglomerações. No ambiente escolar existem salas lotadas, muitas vezes sem ventilação e sem a condição necessária para evitar a transmissão do Covid-19. A transmissão do vírus acontece pelo ar; por meio de tosse ou espirro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido então de contato com a boca, nariz ou olhos – o que torna a escola um lugar propício à contaminação.
Escolas na prevenção do contágio
Equipe de infectologistas do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, divulgou orientações para que as escolas previnam o contágio pelo coronavírus. Foram reforçadas as formas de prevenção: higiene frequente das mãos, etiqueta da tosse, protegendo a boca com o auxílio das mãos, braço ou papel. É importante higienizar as superfícies e objetos que são tocadas com frequência, como mesas, carteiras, maçanetas, corrimão. A limpeza pode ser reforçada com álcool 70% ou de hipoclorito. Os bebedouros de água também acumulam chances de transmissão de vírus respiratórios e do próprio coronavírus. É recomendado que o trabalhador ou aluno tenha seu pote de água, para uso individual.
Os estudantes e trabalhadores dos estabelecimentos de ensino devem deixar de ir às aulas sempre que apresentarem sintomas como tosse, coriza, cansaço, associado a febre. Mesmo que a pessoa não tenha uma epidemiologia, ela está expondo os colegas a algum risco.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), entidade patronal, também está orientando as faculdades, centros universitários e universidades particulares a adotarem medidas para evitar a propagação do vírus. Várias escolas e faculdades suspenderam as aulas, inclusive por pressão dos pais dos alunos, principalmente, os menores. Escolas que estão ainda operando normalmente vêm cancelando as atividades externas ou aquelas em que há aglomeração.
Conselho de mestre
Thiago Henrique Silva, integrante da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares e mestre em Saúde Pública, alerta: “Não é com álcool gel e dormindo de máscara que você vai se livrar do coronavírus. Tem todas estas medidas e também lavar as mãos, mas só vai diminuir o pico se parar a transmissão. E como a gente para? Evitando aglomerações, evitando contato físicos desnecessário. Temos uma população muito pobre e uma população de idosos bem razoável. E os idosos têm uma taxa de mortalidade alta de 14%”.
Ele aconselha:
“1. Insista que sua empresa ou escola tome medidas para prevenir o contato social;
“2. Pense e exija que essas medidas também protejam as pessoas mais expostas, como seguranças, faxineiros e prestadores de serviços terceirizados;
“3. Pare de ir a eventos e espaços cheios;
“4. Pratique boa higiene;
“5. Fique em casa por até 14 dias se você teve contato com alguém suspeito de ter coronavírus ou se você tem sintomas;
“6. Só vá para o hospital se tiver sintomas graves ou tiver tido contato com alguém infectado;
“7. Pare de apertar a mão e dar beijos de cumprimento nas pessoas;
“8. Corrija todo mundo ao seu redor que não fizer isso”.
Aplicativo sobre o coronavírus
O Ministério da Saúde disponibilizou um aplicado com dicas de prevenção, descrição de sintomas, formas de transmissão, mapa de unidades de saúde. Os aplicativos estão disponíveis para usuários dos sistemas operacionais iOS e Android. Para baixar o app iOS clique aqui. Para baixar o app Android clique aqui.
Também com o objetivo de alertar e esclarecer a população sobre notícias mentirosas (fake news) que começaram a ser disseminadas sobre o tema, foi disponibilizado um número de WhatsApp para envio de mensagens da população para apuração pelas áreas técnicas do Ministério da Saúde e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira.
Qualquer cidadão poderá enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais para confirmar se a informação procede, antes de continuar compartilhando. O número é (61) 99289-4640.