É o que estamos vivendo e testemunhando com a tentativa de desmanche das relações do trabalho e dos sindicatos, misturado com muitas outras agressões à soberania nacional, ao meio ambiente, à vontade popular e ao direito.
Um dos mais ativos organizadores da proclamação da República foi o grupo dos positivistas. Influíram na conspiração republicana, influíram na composição do novo governo e influíram nas ideias e símbolos mobilizadores.
Desenharam a nova bandeira do Brasil mantendo as duas cores imperiais (o verde e o amarelo) e acrescentando na faixa central os dizeres: Ordem e Progresso, depois de autorizados pela Igreja Positivista a eliminar o primeiro dos conceitos-síntese da seita, o Amor. O golpe republicano seria uma medida tática que aplicada abriria caminho para a plena realização da utopia positivista, com a tríade Amor, Ordem e Progresso.
Ficamos, pois com a bandeira onde se inscreve o lema positivista incompleto, mas taxativo.
Atualmente, dada à situação nacional, estou inclinado a sugerir que querem substituir o positivismo da Ordem e Progresso pelo negativismo de um novo lema: Desordem e Retrocesso.
É o que estamos vivendo e testemunhando com a tentativa de desmanche das relações do trabalho e dos sindicatos, misturado com muitas outras agressões à soberania nacional, ao meio ambiente, à vontade popular e ao direito.
A artificialidade do impeachment e a grosseria na aplicação acelerada das reformas criam uma situação em que a passividade geral se completa com espasmos periódicos que alimentam as mídias e reforçam em todos o descrédito na política.
As próprias eleições de 2018 passam a ficar sob o risco de serem desfiguradas e pervertidas.
O movimento sindical dos trabalhadores, um dos poucos a sofrer as agressões e procurar responder a elas com unidade, mobilização e eficácia, lutando por garantir direitos e avançar para a retomada do crescimento econômico, merece atenção e convoca apoios.
É importante destacar que hoje, segunda-feira, dia 11, três dos maiores jornais brasileiros publicaram grandes matérias que dizem respeito à ação sindical e a seus resultados.
A pauta fundamental dos sindicatos não é apenas a pauta de sua sobrevivência, o que já seria muito. É a pauta para eliminar a desordem e barrar o retrocesso, revalidando os dizeres tradicionais de nossa bandeira.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical, é membro do corpo técnico do DIAP.