Essas vozes foram imortalizadas a partir de 1910, com a II Conferência de Mulheres Socialistas realizada em Copenhague, na Dinamarca, em 8 de março. A data da conferência passou a representar as lutas heroicas de mulheres operárias em todo o mundo.
Oito de março passou a simbolizar as conquistas, ao longo de mais de um século e meio de luta, por equiparação salarial em relação aos homens, redução da carga horária de trabalho e tratamento digno nos ambientes de trabalho.
No Brasil, as conquistas se contrastam com as desigualdades entre feminino e masculino. Em 1917, operárias têxteis da Fábrica Crespi dão início ao mais importante movimento grevista de São Paulo. Quinze anos depois, em 1932, foi conquistado o direito feminino de voto no Brasil, mas se contrasta, ainda hoje, com salários menores de mulheres. No período de modernização acelerada na ditadura militar, conhecido como “milagre econômico”, as mulheres entraram maciçamente no mercado de trabalho, acentuando mais a desigualdade classista sofrida pelas mulheres. Foi o momento de voltar a proclamar o direito à cidadania e denunciar a dominação patriarcal.
A violenta ditadura militar produziu, paradoxalmente, uma rica contracultura. A luta da mulher em defesa da igualdade civil se fortaleceu na abertura política, em 1985, ao mesmo tempo em que o mercado passou a promover um culto californiano do corpo feminino. A luta por mais direitos civis se estendeu, também, na busca de libertação das forças dominadoras e alienantes do mercado, como o processo de fetichização do corpo da mulher nas vitrines e na paisagem televisiva.
Esse cenário fortaleceu os movimentos feministas, estando na linha de frente contra os preconceitos de raça, de etnia, de gênero, de classe, de geração e levantam, sempre, a bandeira do respeito à diferença.
por José Isaías Venera, jornalista e dirigente sindical
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